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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Verticalização e Impactos Ambientais Permanentes

 Audiência Pública da Comissão de Política Militância Urbano-Ambiental no Alto do Ipiranga



Território, Pertencimento e Luta Política

Como moradora do bairro Alto do Ipiranga, minha trajetória política se entrelaça com as transformações urbanas que marcam este território histórico da cidade de São Paulo. O pertencimento ao movimento da Revolução Brasileira não se dissocia da experiência cotidiana de habitar um espaço urbano em constante disputa entre diferentes projetos de cidade.

O Alto do Ipiranga, região que carrega simbolismos da independência nacional, hoje se encontra no epicentro de debates fundamentais sobre os rumos do desenvolvimento urbano paulistano. É neste contexto territorial que minha militância se desenvolve, articulando a dimensão local da luta urbana com um projeto político mais amplo de transformação social.

A Luta Contra o Incinerador Vergueiro: Resistência Territorial

A participação na audiência pública de 12 de agosto de 2023 sobre o incinerador Vergueiro representa um marco na articulação entre militância política e defesa territorial. Como moradora diretamente impactada pela proposta, minha intervenção buscou evidenciar as contradições de um modelo de gestão urbana que concentra externalidades ambientais negativas em territórios populares.

O projeto do incinerador revela a persistência de uma lógica tecnocrática no planejamento urbano, que ignora as vozes das comunidades afetadas e reproduz padrões históricos de injustiça ambiental. Minha participação neste espaço democrático representou não apenas a defesa dos interesses imediatos dos moradores do Alto do Ipiranga, mas a afirmação de um projeto político que coloca a participação popular no centro das decisões sobre o território.

Usina Eco Cultural: Alternativa Popular ao Desenvolvimento

A defesa do projeto Usina Eco Cultural no Ipiranga como alternativa ao incinerador expressa uma concepção diferenciada de desenvolvimento urbano, alinhada com os princípios da Revolução Brasileira. Este projeto representa:

Economia Popular e Solidária: Criação de oportunidades de trabalho e renda baseadas na economia circular, contrapondo-se ao modelo predatório de gestão de resíduos.

Democratização Cultural: Integração de equipamento cultural em território periférico, rompendo com a concentração de investimentos culturais nas áreas centrais da cidade.

Sustentabilidade Territorial: Solução ambientalmente adequada que respeita as características locais e promove a regeneração urbana.

Participação Comunitária: Processo de concepção e gestão que envolve ativamente os moradores, fortalecendo vínculos comunitários e capacidade organizativa local.

Revolução Brasileira e Questão Urbana

Minha militância no movimento da Revolução Brasileira se nutre da compreensão de que a transformação social passa necessariamente pela disputa do território urbano. O Alto do Ipiranga, como espaço de moradia e organização política, se torna laboratório de experimentação de relações sociais baseadas na solidariedade, na sustentabilidade e na democracia participativa.

A luta urbana não se restringe à defesa de interesses corporativos ou localizados, mas se articula com um projeto nacional de superação das desigualdades estruturais que marcam a sociedade brasileira. Neste sentido, a resistência ao incinerador e a proposição de alternativas sustentáveis se inscrevem numa estratégia mais ampla de construção de poder popular.

Contradições do Planejamento Urbano Capitalista

A experiência de militância urbano-ambiental no Alto do Ipiranga revela as contradições fundamentais do modelo de desenvolvimento urbano hegemônico. O Plano Diretor Estratégico de São Paulo, apesar de incorporar diretrizes de sustentabilidade, mantém lógicas excludentes que reproduzem desigualdades territoriais.

Como moradora e militante, observo cotidianamente como as políticas de adensamento urbano, quando não acompanhadas de instrumentos redistributivos efetivos, podem intensificar processos de gentrificação e expulsão da população de menor renda. A defesa do direito à cidade passa pela construção de alternativas concretas que demonstrem a viabilidade de um desenvolvimento urbano includente e sustentável.

Perspectivas da Luta Urbana Popular

A não promulgação do incinerador Vergueiro até o presente momento evidencia a força da organização popular quando articulada em torno de propostas concretas e viáveis. Esta vitória parcial fortalece a compreensão de que é possível interferir nos rumos do desenvolvimento urbano através da mobilização comunitária e da proposição de alternativas.

Minha trajetória como moradora do Alto do Ipiranga e militante da Revolução Brasileira se consolida na perspectiva de que a transformação da cidade é indissociável da transformação da sociedade. O território urbano se constitui, assim, como espaço privilegiado de experimentação de relações sociais emancipatórias e de construção de um projeto político alternativo para o Brasil.

A luta continua, enraizada no território, articulada nacionalmente, orientada pela utopia de uma cidade justa, democrática e sustentável. 

(Minha fala ocorreu às 1h35).

https://www.youtube.com/live/qSYYuyXLxLg?feature=share 


https://www.saopaulo.sp.leg.br/audienciaspublicas/audiencia/urb03-12-08-2023/



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