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sábado, 14 de dezembro de 2019

As crianças na Natureza

O que as crianças podem aprender com a natureza?O que aprendem neste contato direto e sensível?O que pode ser realizado nas escolas e creches para fortalecer um trabalho com a natureza?



Todos nós sabemos, pela experiência vivida, o quanto o contato sensível com as plantas, as árvores e demais seres vivos nos revigora e é agradável e primordial para nossa existência. Mesmo aqueles que moram nas grandes cidades, rodeados de tecnologias, asfalto, carros e muitos prédios, necessitam apreciar e sentir o perfume das flores, o verde das plantas, a brisa, o calor do sol e até mesmo os respingos da chuva.
O excesso de cuidados, a correria e a busca por uma vida mais prática muitas vezes terminam por nos afastar deste contato mais íntimo e vagaroso com a natureza, e por consequência, as crianças. Pequenos detalhes passam despercebidos, tais como uma estrela que surge no céu, uma nuvem que transforma seus contornos ou o caminho de uma formiga traçado no chão.

Ultimamente os brinquedos de plástico ganham amplitude, os terrenos, inclusive em algumas escolas, parques públicos, são cimentados ou recobertos com grama sintética. Até mesmo os vasos de flores e plantas naturais são substituídos pelos artificiais, pois dispensam água, o nosso cuidado e por consequência economizam nosso tempo.
Mas, quem cultiva o afeto pelos pequenos animais ou cuida de alguns vasos em suas casas sabe, apesar do trabalho que fazer isto nos dá, o quanto estes pequenos detalhes trazem elementos saudáveis e instigantes para suas vidas. Quem já teve a oportunidade de observar, pode notar a facilidade com que as crianças logo se apegam aos seus bichinhos de estimação como cachorros, gatos e até mesmo peixinhos e sabem o prazer que sentem regando o jardim ou comendo algo que foi por elas plantado. Isto é somente um pedacinho dos benefícios que a Natureza nos dá.
Quais aprendizados da relação crianças e natureza podem ser destacados?
Como as crianças podem aprender a cuidar sem ter do que cuidar?
Como valorizar a vida se vivem cada vez mais afastadas dos seres vivos?
O trabalho com a Natureza tem muito para acrescentar na qualidade de vida e desenvolvimento das crianças, o próprio contato com ela, em pequenos gestos, ensina um modo mais inteiro e harmonioso de crescer, se conhecer e conviver. Os laços mais estreitos com a Natureza nos ensinam que fazemos parte dela, colaboram para construção e ampliação de nossa consciência pessoal, planetária e ecológica.
Nos contextos atuais, a natureza está presente nas falas de educação ambiental de maneira abstrata e muitas vezes não é vivenciada. O contato com a natureza durante a primeira infância pode se resumir em uma palavra da língua inglesa: awe, que significa sentimento de veneração e respeito originado pelo maravilhamento e encantamento. Como falar de preservação, proteção, se não foi criado um vínculo? Gosto, logo cuido. Sábio Manoel de Barros nos diz que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.
A atenção e a concentração, capacidades tão indispensáveis para a aprendizagem, podem ser cultivadas neste entrosamento com a Natureza, assim como a curiosidade, a flexibilidade, a coragem para lançar-se ao desconhecido e a capacidade para encontrar soluções para alguns problemas.
O autoconhecimento e a consciência de pertencer ao universo mais amplo de relações pode ser o resultado de um contato mais sensível e íntimo com pequenas reservas naturais que cultivamos no dia a dia.
Brincar em um espaço onde a natureza é protagonista, no qual o corpo é vivido nas delicadezas, nas durezas, nas asperezas, nas sutilezas dos toques, dos sons, dos cheiros, dos olhares, dos gostos, ampliam os limites de descoberta pelas crianças, ou melhor, as deixa sem limites para experimentar. Henry David Thoreau diz que “a Terra é para ser mais admirada do que usada”. Mesmo sendo um dos maiores prazeres do corpo, olhar, observar, ficar quieto são atos confundidos com passividade, preguiça e solidão. É preciso que as crianças tenham tempo para contemplação. Atualmente, contemplar é uma ação que não é valorizada.
No entanto, embora saibamos da importância de nos aproximarmos mais dos ambientes naturais, nem sempre isto acontece no dia a dia corrido e intenso das nossas metrópoles, e nem sempre está no foco das escolas ou é devidamente contemplado no planejamento diário do trabalho com a crianças.

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